Os dois ônibus com imigrantes vindos do Acre com 43 estrangeiros, sendo 25 senegaleses e 18 haitianos, chegaram por volta da 1h desta segunda em Florianópolis.
Eles estavam desde quinta-feira na estrada rumo ao Sul do País, na longa trajetória em busca de emprego e melhores condições de vida. Alguns desembarcaram em Curitiba.
Os veículos da empresa Eucatur foram direto para o ginásio Capoeirão, no Continente, onde a prefeitura montou um abrigo para recebê-los pelo tempo previsto de uma semana.
A iniciativa mobiliza secretarias municipais da Assistência Social e Saúde e tem o apoio do governo do Estado.
Com no máximo uma mala pequena de bagagem, os haitianos foram os primeiros a desembarcar.
Na frente do ônibus havia um cartaz indicando que o destino final seria Criciúma, no Sul do Estado, onde já vivem milhares de imigrantes, mas todos os 18 passageiros, sendo 15 homens e três mulheres, ficaram em Florianópolis.
Vinte minutos depois estacionou o segundo ônibus com o grupo de 25 senegaleses e todos também ficaram no ginásio. A maioria vestia toucas e alguns estavam de chinelos de dedos.
Assustados com a presença de jornalistas e as câmeras, os estrangeiros pouco falaram.
Alguns diziam não falar português antes mesmo da tentativa de entrevista. Em geral, apesar de cansados com a longa viagem, não fizeram reclamações sobre o deslocamento.
A queixa maior foi em relação às condições do abrigo em que estavam no Acre, situação que esperam não encontrar em Santa Catarina.
— Quero trabalhar na carpintaria — arriscou a dizer Jean Pierre Laguerre, 25 anos e um dos mais alegres.
Teresa, uma das mulheres que preferiu dizer apenas o primeiro nome, de 23 anos, se dizia esperançosa em trabalhar em confecção ou com pinturas, mas evitou alongar a conversa.
Gripados e com febre
Funcionários da prefeitura organizaram os grupos em lados distintos na quadra para o primeiro contato em diálogos com a ajuda de tradutores.
Sentados, eles receberam as boas-vindas e depois responderam perguntas sobre as condições de saúde e a identificação pessoal. Entre os haitianos, nenhum deles havia sido vacinado no Brasil.
Chamou a atenção o relato de que havia alguns com gripe e febre. Uma haitiana relatou problema com alergia.
Outras cidades como rumo
Nem todos os haitianos e senegaleses disseram que pretendem ficar em Florianópolis.
Um número significativo deles afirmou que deseja nos próximos dias ir em busca de emprego onde estão familiares e conhecidos em cidades como Blumenau, Concórdia e Criciúma.
Entre os senegaleses, boa parte comentou que pretende ir para as cidades gaúchas de Passo Fundo e Porto Alegre.
Depois do café no Capoeirão, às 7h desta segunda-feira, haverá força-tarefa para o cadastramento deles pelas equipes do Instituto de Geração de Oportunidades de Florianópolis e do Sine.
— Faremos o cadastro deles, além dos serviços de saúde, e acreditamos que uma semana será o prazo máximo de encaminhamento e permanência no abrigo — observou o diretor-geral da Secretaria Municipal de Assistência Social, Dejair de Oliveira Júnior.
Houve arrecadação de cerca de uma tonelada, entre colchões, roupas, cobertores, alimentos e produtos de higiene.
Diário Catarinense