O preço do leite no mercado mundial caiu e o real teve uma relativa valorização frente ao dólar. A associação desses dois fatores estimulou as importações e o preço no mercado interno desabou. Em um primeiro momento, esse movimento é ótimo para o consumidor, que passa a ter produtos lácteos mais baratos. Mas é péssimo para o país, porque pode levar à desorganização e inviabilidade da cadeia produtiva e a consequente expulsão dos pequenos produtores.
O Brasil triplicou, neste ano, as importações de lácteos do Mercosul. Esse explosivo aumento da importação de leite em pó em 2023 gerou pânico no setor lácteo brasileiro em razão dos impactos na competividade do pequeno e médio produtor de leite.
A maciça presença de leite importado no mercado interno provocou queda geral de preços, aniquilando a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro e também das indústrias de captação, processamento e industrialização de leite.
A Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina reivindicou ao governo federal a negociação de cotas para limitar a entrada de leite importado no mercado brasileiro.
Na terça-feira (15) o governo federal aprovou a alteração da alíquota de imposto para a importação de produtos lácteos, passando de 12% para 18%, e revogou a resolução de 2022 que tornava mais vantajosa a compra de países como Argentina e Uruguai. O objetivo é proteger os produtores brasileiros e mitigar a crise que afeta milhares de famílias do campo.
Além disso, o governo federal decidiu revogar outra resolução que abrange 29 itens de produtos lácteos e tornava mais vantajoso comprar de países como Argentina e Uruguai. Uma decisão da gestão passada reduziu unilateralmente a tarifa externa comum (TEC) em 10%. Com isso, 29 produtos terão imposto de importação variando de 10,8% a 14,4%.
Em entrevista ao Cruz de Malta Notícias desta sexta-feira (18) o presidente do Sindileite-SC, Selvino Giesel, comentou sobre a crise no setor.
Ouça abaixo a entrevista: