Sonho de duas décadas da região mais fria do Brasil, a Rodovia Caminhos da Neve (SC-114) volta a dar sinais de que um dia poderá virar realidade. Na semana passada, foi iniciada a implantação da sub-base e da base para a pavimentação asfáltica de 1,6 dos quatro quilômetros previstos para este ano. Mas ainda que estejam em andamento, os trabalhos estão muito longe do fim, e sequer há previsão de quando serão concluídos.
A rodovia liga as serras Catarinense e Gaúcha pelos municípios de São Joaquim, em Santa Catarina, e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul. São 102 quilômetros de uma estrada rústica e por onde passam moradores e caminhões carregados de madeira, gado e maçã, fruta que domina a economia da região. Mas o turismo, nova fonte de riqueza e que pode trazer o desenvolvimento, ainda sofre justamente pelas péssimas condições de tráfego.
Dos 68 quilômetros em território gaúcho, só 24 foram pavimentados até agora. E dos 34 quilômetros em solo catarinense, só sete receberam asfalto. Ou seja, do total, menos de 30% está pronto. Em Santa Catarina, as coisas voltaram a andar.
Com R$ 6 milhões recebidos antecipadamente do governo do Estado em agosto do ano passado, o 10º Batalhão de Engenharia de Construção do Exército Brasileiro (10º BEC), sediado em Lages e contratado para executar a obra, deve asfaltar pelo menos quatro quilômetros, a partir dos sete já prontos, até outubro deste ano, concluindo todos os trabalhos para os quais foi contratado – terraplanagem, pavimentação, drenagem, meio ambiente, sinalização e obras complementares – até fevereiro de 2014.
O trecho de 1,6 quilômetro em obras neste momento está localizado entre a cidade de São Joaquim e a estação de tratamento de esgoto da Casan, e a previsão é de que fique pronto até o fim de abril. Se depender de quem toca a obra, iniciada em 2006, o trabalho não para mais. O problema é que, justamente quem mais parece estar empolgado, é quem menos sabe o que vai acontecer no futuro.
– O Exército Brasileiro faz obras públicas desde o século 19, e o nosso batalhão está sempre disposto a firmar convênios com os governos. Mas para essa rodovia não há nada mais previsto além das obras para as quais já recebemos e até divulgamos o cronograma -, diz o comandante do 10º BEC, tenente-coronel Hamilton Teixeira Camillo.
O superintendente regional do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) em Lages, Narciso Leal, explica que os serviços para os quais o Exército foi contratado estão garantidos até o fim, até porque o pagamento já foi feito antes mesmo do início. Porém, admite que, pelo menos neste momento, não existe estimativa de valores e prazos para as próximas etapas.
– Se fosse pela nossa vontade, e essa é a vontade política, a obra ficaria pronta o quanto antes, pois faz uns seis anos que iniciou. Mas não existe previsão de término, e o restante depende da liberação de recursos.