A Pastoral da Criança, fundada pela doutora Zilda Arns Neumann em 1986, conta hoje com mais de 240 mil voluntários atuando no Brasil, e mais 15 mil ao redor do mundo.
O doutor Nelson Arns Neumann, filho de Zilda, é quem segue o trabalho à frente da Pastoral. Ele esteve reunido hoje, juntamente com o redator do Estatuto da Criança e Adolescente e representante da Unicef, Benedito Rodrigues dos Santos, e com as Irmãs Helena e Hilda Arns, em um encontro para discutir o trabalho que a Pastoral tem feito ao longo dos anos.
“O maior legado dela foi a motivação para que o trabalho voluntariado continue. Em 1983 só havia três tipos de pacientes no Brasil: o que podia pagar, o previdenciário e o indigente. Ela fez o possível para isso mudar”, conta Nelson.
Para a Irmã Hilda, o maior presente é quando ela vê a transformação. Não somente das crianças, mas também das mães.
“De vez enquanto alguma mãe me para e pede pra ajudar seu filho, que está com febre ou com alguma outra doença. Eu pego uma das folhas de chá que eu tenho em casa e dou para ela, se for preciso dou a muda inteira. Temos que seguir o exemplo de pedir com otimismo e alegria, assim se leva a coisa pra frente, não pode parar”, afirma ela, em uma lição de solidariedade.
Durante o encontro ela usou um exemplo da Bíblia para mostrar o espírito da Pastoral. “Eu cuido das flores, mas não para colher. Elas dão em abundância toda vez que eu lembro a palavra de Jesus: eu venho para que todos tenham vida, e vida em abundância. Cada flor é uma criança que louva à Deus”, explicou ela.
Segundo o representante da Unicef, Benedito Rodrigues dos Santos, é incalculável o número de crianças ao redor do mundo que foram salvas pela receita caseira criada por Zilda.
“Eu fui testemunha do grande trabalho feita pela Pastoral ao longo destes anos. Antes de 1985 as crianças não tinham nem direito a ter direito. Foi a Pastoral que ensinou o governo a fazer política para as crianças”, afirma dos Santos.
A Irmã Helena Arns reafirmou a força da Pastoral da Criança na região. Atualmente mais de 1000 voluntários trabalham na região de Criciúma para que as crianças tenham seus direitos preservados.
“São pessoas que descobriram sua missão, ninguém está aqui para nada. Temos que abrir os olhos para enxergar o bem, ele nos anima para dar o próximo passo. Esse passo é o da solidariedade”, conta a Irmã.
Segundo doutor Nelson, nesses quase 30 anos de trabalho da Pastoral, tudo que tinha que ser descoberto para melhorar o país, já foi. Agora o que importa é por todo esse conhecimento na prática.
“Nós já temos conhecimento total para prevenir mais de 80% das doenças no mundo. Agora temos que colocar esse conhecimento em ação”, enfatiza ele.
Para dos Santos, o maior desafio na defesa das crianças na atualidade é quebrar a gigantesca diferença de situações no Brasil. No país há regiões com níveis ótimos, e outros que beiram o de países miseráveis.
“A maior dificuldade é a disparidade entre regiões. Se o Brasil quer se tornar um país de primeiro mundo, tem que resolver essas diferenças gritantes. Temos patamar do Haiti junto com patamar da Bélgica. Incluir toda diversidade é o grande desafio”, afirma ele.
Nesta quinta-feira (25) foi entregue a medalha “Zilda Arns Neumann”, a maior honraria concedida pelo município de Forquilhinha, para pessoas e entidades que desenvolveram um reconhecido trabalho humanitário.
“A prefeitura de Forquilhinha está de parabéns por escolher quem tem afinidade por essa luta que ela começou aqui Brasil, buscando construir a dignidade de nossas crianças”, enaltece dos Santos.
Mesmo após 3 anos do falecimento de sua fundadora, a doutora Zilda Arns Neumann, uma das vítimas no terremoto que assolou o Haiti em 2010, a Pastoral continua lutando pelo direito das crianças ao redor do mundo.
Gabriel Bosa / Portal Satc