Parte da Operação Clínica Geral foi deflagrada nessa terça-feira (20), no Sul de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, com o cumprimento de oito mandados de prisão, além de 32 mandados de busca e apreensão. As diligências contaram com 120 policiais civis e ocorreram nas cidades de Balneário Rincão, Criciúma, Maracajá, Porto Alegre (RS) e Alvorada (RS).
Considerada uma organização criminosa, os envolvidos são investigados por praticarem mais de 50 crimes em aproximadamente 20 cidades do Sul do Estado. Dos oito detidos, seis foram nas cidades de Criciúma e Balneário Rincão e os outros dois em Porto Alegre e Alvorada. Ambos foram trazidos para Santa Catarina ainda nesta manhã pelo helicóptero da Polícia Civil.
Organização Criminosa
A operação iniciou com investigações decorrentes das explosões em caixas eletrônicos ocorridos em 2015 no Sul de Santa Catarina, chegando-se em diversos indivíduos atuantes em variados crimes há, pelo menos, três anos. Eles atuavam nas regiões de Tubarão, Criciúma e Araranguá.
De acordo com o delegado da Diretoria Estadual de Investigação Criminal – Deic de Florianópolis, Anselmo Cruz, eles vinham praticando furtos e roubos em comércios e residências, tráfico de drogas e, inclusive, cometendo homicídios na região.
“Por isso, o nome Clínica Geral. De um tipo de crime específico acabou se chegando a uma organização criminosa atuante em muitos delitos. Além das oito prisões, foram apreendidos artefatos explosivos e maçaricos para a abertura de caixas eletrônicos e um carro roubado no último domingo”, contabiliza o delegado.
Ainda de acordo com Cruz, as investigações iniciaram em fevereiro, sendo essa uma organização criminosa organizada com liderança e estruturada com papéis definidos. “Uns cometiam assaltos e atuavam no tráfico de drogas e outros são autores de homicídios ocorridos nos últimos anos”, exemplifica.
Os integrantes da organização cometiam crimes na região e se refugiavam em Alvorada e vice-versa. “Ou seja, estamos falando de uma organização interestadual. Podemos constatar também que essa organização tem ligação com facções criminosas tanto de Santa Catarina quanto do Rio Grande do Sul”, destaca o delegado.
Explosivos
Segundo o responsável pela DIC de Criciúma, André Milanese, acredita-se que os explosivos apreendidos sejam desviados de alguma mineradora da cidade. “O material estava em um sítio no bairro Pinheirinho, onde reside um ex-presidiário. Nós não o encontramos, mas ele está com a prisão decretada, pois já é investigado por fornecer este tipo de explosivo para essas quadrilhas”, explica.
Com as provas levantadas nesta manhã, segundo Milanese, é possível dizer que os integrantes detidos fazem parte de uma facção criminosa, que atua no sistema prisional catarinense e gaúcho. “Tivemos provas contundentes com manuscritos e cartas, ou seja, um forte indício que não se tratava apenas de uma quadrilha isolada e sim uma organização criminosa”, complementa o responsável pela DIC.
Rincão, o foco da organização
A organização criminosa estava estabelecida em sua maioria no Balneário Rincão. Conforme o delegado de Içara, Rafael Iasco, no fim de 2015. houve uma guerra entre traficantes na cidade e um aumento significativo de homicídios.
“Havia uma quadrilha durante este tempo praticando diversos crimes e não somente no Rincão, mas também nas comarcas de Içara, Jaguaruna e Urussanga. As delegacias estavam realizando investigações individuais e, quando os criminosos começaram a explodir caixas eletrônicos, a Deic uniu todas as delegacias e juntou todas as informações. Houve uma força tarefa para monitorar essa quadrilha e hoje foi deflagrada essa operação exitosa”, explica.
Violência dos criminosos
A organização criminosa empregava os seus crimes com extrema violência. De acordo com a delegada de Jaguaruna, Isabel Fauth, famílias eram amarradas e mantidas em longo período sob a mira de armas de fogo. “Estes membros levavam vários pertences das vítimas, além de causar um forte temor durante a prática dos crimes”.
Todas as prisões desta manhã ocorreram de forma pacífica, mas a delegada lembra que a organização criminosa é conhecida pelos confrontos com a polícia. No dia 24 de março, um dos integrantes desta organização foi morto em Alvorada. Willian da Silva Viana, de 27 anos, conhecido como Banha, foi morto em confronto policial com um tiro na cabeça, três no tórax e dois na perna esquerda.
Inquérito policial
A princípio, os envolvidos serão enquadrados em inquérito policial por organização criminosa. “A própria investigação vai subsidiar inquéritos policiais de vários outros crimes, portanto, ainda iremos dimensionar tudo o que eles poderão ser responsabilizados”, explica o delegado da Deic.
Operação conjunta
Este foi um trabalho em conjunto da Diretoria Estadual de Investigação Criminal – Deic de Florianópolis em conjunto com as Delegacias de Polícia de Jaguaruna, Urussanga, Içara, Balneário Rincão e da Divisão de Investigação Criminal – DIC de Criciúma. Ainda segundo Cruz, esta foi à primeira operação com a utilização do helicóptero da Polícia Civil que agora fica situado em Criciúma e que vai passar a atender toda a região Sul.