O impacto foi tremendo. Nos espectadores nauseados que deixavam a sala, alguns antes dos créditos finais, e em Hollywood, pois não era comum até então um filme de terror provocar tamanho barulho conjugando as qualidades de projeto autoral aclamado pela crítica com o sucesso de bilheteria. Há exatos 40 anos, em 19 de junho de 1973, o diretor William Friedkin apresentava O Exorcista em uma première em Nova York — a estreia oficial seria em 26 de dezembro daquele ano — e consolidava seu nome à frente da nova onda do cinema americano que, naquele começo dos anos 1970, revelava nomes como Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Brian De Palma e Martin Scorsese.
Friedkin foi o primeiro deles a fazer sucesso, com Operação França (1971), ganhador de cinco Oscar, incluindo os de melhor filme e direção. Por essa época, William Peter Blatty lançava o best seller O Exorcista, livro com a história de uma menina de 12 anos que se transfigura numa criatura violenta e apavorante por conta de um possessão demoníaca.
A luta dos padres chamados para exorcizar da menina um poderoso espírito maligno são ilustradas por cenas que se tornaram clássicas na história do cinema como exemplos de tensão transformada em terror genuíno, de ousadia narrativa que testava o limite do que era tolerável mostrar em um filme produzido por um grande estúdio (com uma criança em primeiro plano) e de engenhosidade técnica numa era em que não se contava com efeitos digitais.