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Imigrantes haitianos vem morar em Lauro Müller

Foto: Rádio Cruz de Malta

Neste dia nacional da consciência negra, o jornalismo da Rádio Cruz de Malta esteve conversando com os Haitianos que já estão morando em nosso município. Nossa região hospeda esses imigrantes que vieram em busca de uma vida digna, onde tenham direito a um trabalho, a comida e a exercer atividades que deveriam ser “habituais” para todo ser humano.

Em nossa cidade são 9 os imigrantes, todos trabalhando em uma empresa da região. Com o objetivo de entender um pouco mais sobre a cultura dos nossos imigrantes haitianos a equipe de jornalismo da rádio Cruz de Malta foi ouvir um pouco da história e perspectiva deles.

O Haiti é o país mais pobre do continente, dois terços de sua população vive na mais absoluta pobreza. Muitas famílias sobrevivem com menos de um dólar por dia e a expectativa de vida média da população chega a apenas 45 anos. Isto é resultado de brutal pilhagem colonial e imperialista que o país sofreu ao longo de sua história. História que também está marcada por lutas heroicas. Atualmente, o domínio ianque da economia haitiana é quase absoluto: 89% das importações e 65% das exportações se realizam com os EUA. Aliado com uma pequena oligarquia mestiça (menos de 5% da população) e branca (pouco mais de 1%), oprimem e exploram a imensa maioria negra. Nas últimas décadas, à tradicional produção de café, rum e tabaco, foram agregadas também indústrias de vestido e de brinquedos para exportação, como as maquiladoras nas chamadas “zonas livres” de Porto Príncipe. Nelas as empresas multinacionais pagam salários de fome e ganham fortunas. Como uma amarga ironia do capitalismo, uma parte destas roupas volta ao Haiti já usada, reingressadas por expressas estrangeiras para vendê-las a preços baixos ou como parte da hipócrita ajuda humanitária do imperialismo. A maioria dos haitianos só usa estas roupas de segunda mão porque não pode comprar uma nova, nem mesmo os que trabalham nas fábricas que as produzem.

A Cultura do Haiti possui raízes com características marcantes da região oeste da África, além de ser influenciada pela França devido à sua colonização, como é notável em sua música, religião e linguagem. Na religião, o Haiti é semelhante ao resto dos países da América Latina, em que é predominantemente cristã país, com 80% -85% católico romano e aproximadamente 20% professam o protestantismo. Uma população pequena, mas crescente de muçulmanos e hindus existem no país, principalmente na capital Porto Príncipe.

Tanto o governo brasileiro quanto a ONU se questionam sobre o que fez os haitianos escolherem o Brasil como principal foco de destino após o terremoto, que em janeiro de 2010 deixou mais de 300 mil mortos. O Conselho Nacional de Imigração (CNIg), órgão do Ministério do Trabalho, começará no fim do ano uma pesquisa para entender os motivos da migração em massa de haitianos. Mas, segundo o presidente do órgão, Paulo Sérgio de Almeida, a atuação militar do Brasil é um dos fatores.

Os militares brasileiros desembarcaram em Porto Príncipe quando uma convulsão política e a suspeita de fraude eleitoral provocaram o princípio de um conflito civil e a queda do então presidente Jean Bertran-Aristides, em junho de 2004. Desde então, as tropas nacionais atuam em regiões importantes da cidade, como Bel Air, o centro comercial que abriga o Palácio Nacional, destruído no tremor, e Cité Soleil, a área mais pobre e historicamente violenta do país.

Com cerca de 9,8 milhões de habitantes, o Haiti possui cerca de 3 milhões dos seus cidadãos morando em outros países, como Estados Unidos, Cuba, Canadá e República Dominicana, uma população chamada de “diáspora haitiana”. Só no Brasil são 20 mil atualmente. Estimativa da ONU é que o número chegue a 200 mil em 2016.

Nas ruas de Porto Príncipe, a capital haitiana, é fácil encontrar adultos e crianças que falem algumas palavras em português. Nas regiões periféricas da cidade, militares fazem ações sociais e brincadeiras lúdicas, distribuem água potável e comida, ensinam crianças a escovar os dentes, pintar, desenhar.

Segundo fontes diplomáticas, a participação brasileira na missão de paz da ONU “vendeu” a “marca Brasil” para os haitianos e gerou uma espécie de desejo da população de ser como o brasileiro.

A previsão da ONU é que a missão de paz deixe o Haiti em 2016. Segundo o embaixador em Porto Príncipe, José Luiz Machado e Costa, o Brasil manterá o maior efetivo militar até lá. “O soldado brasileiro será o último a sair”, garante.

Quando chegamos no portão casa vieram nos receber na porta com um sorriso no rosto e uma alegria típica sul americana, falavam todos ao mesmo tempo, uma parte em Francês e outra metade em Crioulo, ambos dialetos usados no país de origem, o Haiti. Diante da confusão da mescla de línguas, toda atenção minha, Aline Benedet, e do Gustavo era pra tentar entender as formas de expressão,até que em um determinado um deles disse que falava espanhol, então nossa entrevista fico viável.

A primeira pergunta foi sobre as atividades exercidas no Haiti por eles, e as respostas foram surpreendestes, um deles era professor numa escola em fond-de- Blancs, sendo que havia trabalhado por 14 anos em uma instituição de ensino, comerciante, mecânicos, trabalhadores da construção civil e motoristas. E então diante das respostas obtidas refletimos sobre as diferenças econômicas e sociais existentes entre Haiti e Brasil, já que, no Brasil, pessoas que exercem tais atividades tem acesso a melhores condições de vida.

Quando perguntamos sobre o trajeto percorrido até chegar num Brasil eles contam que entraram no Brasil no dia 26 de setembro e passaram por muitas dificuldades, e relataram estar mais de 8 dias num ônibus, sem contar o trajeto feito em avião.

Agora já instalados e com trabalho dizem que o sonho maior é poder trazer para o Brasil as suas famílias já que, lá estes ainda passam por inúmeras dificuldades. Falam também que devido a má estrutura nos sistemas de comunicação no Haiti manter o contato com as famílias é muito complicada.

A relação com os brasileiros dizem ser muito boa, pois a experiência que tiveram primeiramente com os soldados brasileiros lá no Haiti, soldados que estiveram em missão de paz, fez com que eles percebessem os brasileiros como um povo acolhedor, e não foram defraudados ao chegar aqui, pois dizem que tanto os vizinhos, como companheiros de trabalho são atenciosos e portadores da amabilidade e receptividade típica do Brasil. Por isso também viram no Brasil a possibilidade de ter acesso as oportunidades que o país oferece.

Não há como negar certa dificuldade na hora da interação, pois foram usadas as línguas francesa, o crioulo, o inglês, o português e o espanhol. Mas sendo guerreiros como são e não temendo as adversidades prometeram que em 6 meses poderíamos voltar lá, e eles iriam dar a entrevista toda em português, nós sinceramente não duvidamos, ao contrário, apostamos assim como eles, em seu futuro promissor.

Ouça a matéria:

[audio https://www.radiocruzdemalta.com.br/wp-content/uploads/2013/11/HAITIANOS.mp3]

 

Jornalismo Cruz de Malta

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