A presença dos haitianos em cidades do Litoral Norte já é comum. Estima-se que cerca de 2 mil deles vivam hoje em Balneário Camboriú, Itajaí e Navegantes. Motivados pela aparente abundância da oferta de emprego, eles chegam todos os dias à região. O fenômeno migratório, porém, começa a obrigar prefeituras a repensarem ações de inclusão social.
Para o secretário de Inclusão Social de Balneário Camboriú, Luiz Maraschin, a absorção da mão de obra haitiana no mercado de trabalho já se tornou um desafio. Isso porque, das três cidades, Balneário é a que recebe a maior parte dessa comunidade estrangeira. Hoje, são cerca de 1 mil.
– Nós temos uma capacidade para cerca de 400 haitianos, o que seria razoável para a absorção, mas estamos com mais do que o dobro dessa demanda. A verdade é que isso já vem provocando desempregos – esclarece Maraschin.
Para tentar diminuir o impacto da falta de emprego entre os estrangeiros, a prefeitura buscou aliança com o frigorífico Aurora de Chapecó, e conseguiu inserir nos postos de trabalho daquela região quase 80 homens desde abril. E em até 60 dias, enviará outros 500 trabalhadores para o mesmo destino. Por um ano, a empresa garantiu trabalho, alojamento e alimentação aos novos funcionários.
Na opinião de Maraschin, o papel que a secretaria assumiu deveria ser da União.
– O governo federal deveria ter uma central de regulação para que à medida que a comunidade haitiana entrasse no Brasil, ela fosse encaminhada automaticamente para as regiões onde existe oferta de trabalho.
Salomão Derogene, presidente da Associação dos Haitianos em Balneário Camboriú, que acompanhou essas contratações, explica que o trabalho não termina por aí.
– Agora, estamos tentando encaminhar o pessoal para outras oportunidades de empregos, porque com o fim da temporada ficou mais difícil a inserção no mercado de trabalho em Balneário – comenta.
Se em Balneário, a comunidade haitiana e a prefeitura convivem de forma harmoniosa, em Itajaí e Navegantes, a realidade é outra. Pelo menos é o que dizem representantes das associações de haitianos das duas cidades. Eles reclamam da falta de apoio para o aprendizado da língua portuguesa, da dificuldade para encontrar vagas nas creches ou matricular os filhos nas escolas, além da falta de trabalho.
DC