Cerca de 400 cirurgias eletivas não devem ser realizadas no Hospital Infantil Joana de Gusmão, referência no Estado, neste mês de abril. O motivo seria a falta da equipe de enfermagem, principalmente instrumentadores cirúrgicos. Sem profissionais, das oito salas disponíveis para os procedimentos, apenas duas estão sendo utilizadas, uma para emergência e outra para as agendadas.
De acordo com a denúncia feito pelo Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc) no Conselho Estadual de Saúde a falta de servidores vem se agravando desde o ano passado, quando a instituição mantinha 880 funcionários e este ano este número reduziu para de 816. O motivo maior seriam as aposentadorias dos servidores.
— Aposentadorias não ocorrem de um dia para outro. Já estamos alertando para este problema desde o ano passado, com manifestações e até agora pouco foi feito — diz o vice-presidente do Simesc, César Ferraresi.
De acordo com o levantamento do sindicato, cada centro cirúrgico pode realizar até 13 cirurgias pequenas. Mas com a falta de equipes de enfermagem, o número de salas foi reduzido, até dezembro do ano passado estavam sendo aproveitadas quatro salas, desde a última segunda-feira esse número reduziu para duas. De acordo com o boletim informado no site do hospital, em fevereiro, foram realizadas 351 cirurgias eletivas, no mês de março o número de procedimentos ainda não foi informado.
César lembra que profissionais que passaram no concurso público aguardam serem chamados desde do ano e além da contratação que pode levar um tempo, a equipe precisa ser preparada.
— São técnicos, não sabemos quem vai chegar já habilitado, eles têm um tempo para se apresentarem e ainda precisam ser preparados para a função — observa.
Outro problema que atinge o Hospital Infantil é a falta de médicos. De acordo com o levantamento do Simesc, dos 200 leitos cerca de 100 estão fechados por falta de equipe médica, denunciando que a estrutura da unidade não está sendo aproveitada 100%.
Ao menos 30 dias para situação se normalizar
Segundo o superintendente de hospitais públicos da Secretaria de Estado de Saúde, Renato Castro, foram chamados 70 técnicos de enfermagem e 17 enfermeiros para o Hospital Infantil Joana de Gusmão. É parte de um pacote com 200 novos servidores para diminuir o déficit de servidores, que Renato garante ser em todos os hospitais do Estado. A prioridade do governo é para o Infantil da Capital e para o Hospital Florianópolis, no Estreito.
As cirurgias eletivas seguem a fila atual, mas todas serão adiadas até a situação se normalizar. Renato informa que o prazo de contratação é entre 30 e 60 dias. — Caso alguém desista, teremos que repetir esse processo, e mais um período de 30 a 60 dias é aberto — informa o superintendente.
Renato explica que os profissionais contratados são provenientes do concurso feito em 2010 e não foram contratados antes por conta da negativa do conselho de gestão. Segundo ele, é necessário contrabalancear a necessidade das secretarias com a folha de pagamento para não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Os novos servidores vão aumentar a capacidade de cirurgias do Joana de Gusmão para quatro salas.
Mônica Foltran / DC