Especialistas de todo mundo estão envolvidos em conversas diárias sobre a ameaça representada por uma nova cepa fatal da gripe aviária na China, incluindo discussões sobre se e quando começar a produzir uma vacina. Qualquer decisão para produzir em massa vacinas contra a gripe H7N9 não será tomada rapidamente, já que isso significa sacrificar a produção de vacinas sazonais. E cientistas advertem que vai levar meses para que uma vacina finalizada da gripe aviária chegue ao mercado.
Mas a base está sendo erguida. O vírus foi compartilhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com os centros de Atlanta, Pequim, Londres, Melbourne e Tóquio, e esses grupos estão analisando amostras para identificar o melhor candidato para ser usado para a manufatura da vacina – se isso for necessário.
Ainda é um grande “se”, mesmo supondo a disseminação continuada da nova doença, que já matou cinco das 14 pessoas que infectou na China.
“É uma decisão incrivelmente difícil porque assim que ela for tomada teremos que deixar de produzir vacinas sazonais e começar a produzir vacina para este vírus”, disse Jeremy Farrar, um especialista em doenças infecciosas e diretor da unidade de pesquisa no Vietnã da Universidade de Oxford. Isso poderia significar falta de vacinas contra a gripe comum que, embora não seja grave na maioria das pessoas, ainda custa milhares de vidas.
O Sanofi Pasteur, maior fabricante de vacinas da gripe do mundo, disse que estava em contato contínuo com a OMS através da Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticos, mas que ainda era cedo demais para saber o significado dos casos chineses. Outros importantes fabricantes de vacina da gripe incluem a GlaxoSmithKline e a Novartis.
Resultados de testes preliminares sugerem que a nova cepa da gripe responde ao tratamento com as drogas Tamiflu, da Roche, e Relenza, da GSK, segundo a OMS.
Ainda não há evidências de transmissão da gripe H7N9 de pessoa a pessoa, e cientistas não sabem como o potencial da cepa se desenvolveria em uma pandemia humana.
Wendy Barclay, virologista do Imperial College London, disse que um importante argumento contra agir cedo demais era financeiro. “Existe a possibilidade agora de que pesquisadores da gripe corram para trabalhar no H7N9, e que subsídios sejam concedidos para pesquisa intensiva para desenvolver vacinas… e isso poderia significar jogar dinheiro pelo ralo porque pode ser que as barreiras para esse vírus sejam altas o suficiente para que não tenhamos que nos preocupar com isso”, disse.
Ela disse que os cientistas deveriam primeiro se concentrar em obter “a biologia prática e a análise sequencial” antes de decidirem agir.
Ben Hirschler e Kate Kelland / Reuters