Embora Santa Catarina costume ficar entre os melhores colocados nos rankings educacionais, a divulgação das médias de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ontem, revelou que nenhuma escola no Estado ficou entre as 150 melhores do país, considerando as médias das quatro disciplinas avaliadas na prova e a redação. A catarinense mais próxima do topo da lista nacional, de Chapecó, repetiu o desempenho de 2014 e levou o 161º lugar geral.
Especialistas acreditam que a baixa adesão das principais universidades do Estado à prova contribua para o baixo interesse dos estudantes. As médias já haviam sido repassadas às escolas em julho, para que pudessem contestar os resultados. Ontem, o Ministério da Educação (MEC) divulgou o índice final, já corrigido, de todas as 15,6 mil unidades cujos alunos fizeram as provas. 648 delas são de SC.
— O Enem não é tão relevante para o vestibulando catarinense. Não faz sentido alguém que mora Florianópolis e que quer estudar na cidade gastar energia se preparando para o Enem — explica Waltinho Maldonado, professor de língua portuguesa e redação do Curso Mais e do Sistema de Ensino Energia.
O professor Walter Maldonado ressalta ainda que muitas das primeiras colocadas no ranking nacional forjam os resultados, juntando alunos “promissores” em uma única turma para conquistar melhores posições nos rankings nacionais. Assim, podem dizer que estão “entre os melhores” do Enem para fins de marketing, embora apenas uma pequena parcela dos estudantes tenha, de fato, tirado ótimas notas. Ele diz não ter informações de instituições catarinenses que façam o mesmo, mas que a prática é comum principalmente no Sudeste.
De fato, na última análise pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que ranqueia as escolas fundamentais e médias, o Estado levou o segundo lugar — nos dois anos anteriores, havia ficado em primeiro.
Hoje, a maior instituição pública que utiliza o Enem em SC é a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), em Chapecó, com 100% das vagas preenchidas via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas da prova — por isso, não surpreende que a melhor colocada no ranking catarinense seja uma escola particular chapecoense.
— As principais universidades federais do sul do Brasil, como UFSC, UFRGS e UFPR, não usam o Enem para preencher as vagas, pois são conservadoras no processo de mudança do vestibular tradicional para o novo modelo. Já no RJ ou no Nordeste do país, por exemplo, todo o foco está no Enem. As escolas e os professores direcionam o processo de ensino e aprendizagem para o tipo de prova que os estudantes irão fazer — comenta o professor e coordenador do curso gratuito Pró Universidade, Otavio Auler.
Diário Catarinense