A tarifa da energia elétrica sofrerá outra alteração em 2015. Conforme o presidente da Câmara de Energia da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Otmar Muller, depois do acréscimo de 10% deste mês, um novo aumento de 30% está previsto para o mês de fevereiro ou março.
“Este reajuste será para cobrir despesas que foram repassadas no ano passado e que agora não tem mais como segurar. As indústrias do Brasil todo estão aderindo este reajuste extraordinário, pois há um fundamento técnico para isso”, diz Muller.
De acordo com o engenheiro eletricista, Marcelo Granato, além desse aumento previsto para fevereiro ou março, ainda haverá mais um aumento de 10% no decorrer de 2015. Isso resultará em 40% de aumento só neste ano, sendo que em agosto de 2014, já houve um reajuste de 23% nas Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (Celesc) e 33% nas Cooperativas. Somando todas essas alterações, haverá um acréscimo de, aproximadamente, 80% em menos de um ano.
“A alternativa que se tem nessa hora para economizar é desligar tudo o que não é utilizado. Micro-ondas, por exemplo, deve-se ligar somente quando vai usar. Ar-condicionado deve ser evitado e banhos devem ser cronometrados. As luzes fluorescentes seguem também como alternativa de economia”, orienta Granato.
O economista especialista em finanças e professor universitário, Joelcy José Sá Lanzarini, complementa dizendo que, conforme um dado da Agência Nacional de Energia Elétrica (Annel), cerca de 10% do consumo da conta é gerado por equipamentos em stand by. “Por isso é importante desligar da tomada o que não é utilizado. Outra opção também é trocar os eletrodomésticos antigos e de baixa eficiência energética por outros mais eficientes”
O motivo do aumento – Conforme o engenheiro eletricista, o Brasil não possui mais hidrelétricas suficiente para atender a demanda de consumidores, por isso, será necessário comprar energia das termoelétricas (energias derivadas do carvão, óleo diesel, gás natural, etc.)
“Recentemente o país precisou, inclusive, comprar energia da Argentina. Há uma escassez de energia hidrelétrica e para comprar termoelétrica é preciso pagar o preço, que por sinal, é bem mais caro”, observa o engenheiro.
O que isso pode afetar na economia nacional – A energia elétrica é um dos principais insumos da indústria. Conforme o economista especialista em finanças, o aumento do seu preço, haverá repasse para o custo dos produtos e, com isso, haverá aumento da inflação.
“Com o aumento da inflação, a população perde poder de compra do seu salário, o que fará com que haja redução do consumo, não voluntariamente, mas compulsoriamente. Este reajuste é duplamente prejudicial para a economia e principalmente para a população, que terá que pagar mais caro pelos produtos de consumo e ainda verá a conta de energia subir muito acima do reajuste de seu salário”, explica Lanzarini.
O economista ainda pontua outro efeito colateral sobre a situação de baixa disponibilidade de energia. “Estamos novamente a beira de um apagão e isso afeta diretamente a economia, pois sem energia as empresas não podem projetar expansão da produção e novas empresas acabam engavetando novos projetos ou mesmo instalam-se em outros países, onde este insumo tenha garantia de abastecimento”, diz.
Dados históricos de aumento de tarifa – O professor conta que no fim da década de 80 e começo da década de 90 a inflação atingiu elevados índices, chegando inclusive, em um determinado mês, atingir 83%. Isso fazia com que os preços fossem alterados diariamente.
“O que preocupa agora, é a possibilidade de retorno de uma elevada inflação, o que desestabilizaria a âncora do Plano Real, que é justamente o controle da inflação. Segundo as previsões do setor financeiro e das agências internacionais de risco, o país vem passando um período de baixo crescimento econômico e caso haja uma aceleração do nível inflacionário, aliado a um baixo crescimento econômico, pode-se atingir o fenômeno chamado estagflação, que seria o pior dos cenários possíveis”.
O Portal Engeplus entrou em contato com o gerente comercial da Celesc de Criciúma, Mateus Nascimento, e, conforme ele, ainda não se sabe a data exata do aumento da tarifa. A reportagem tentou contato com a Annel durante toda a tarde dessa quinta-feira, mas sem sucesso.
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