Três em cada dez mulheres convivem com algum tipo de dor, mas o que muitas não sabem é que esse incômodo pode ser uma dor crônica. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 30% da população mundial, principalmente as mulheres, apresentam alguma sensação dolorosa constante. A pesquisa ainda apontou que a maioria das queixas está relacionada à região das pernas (22%), às costas (21%) e à cabeça (15%). Dependendo da intensidade da dor ela pode até comprometer o trabalho e as relações pessoais.
De acordo com o neurocirurgião e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Mauricio Mandel, as pessoas tendem a recorrer à automedicação para resolver o problema, o que é um erro muito comum.
— A dor crônica é diagnosticada quando ela persiste e ocorre por mais de três meses, em alguns casos ela tende evoluir até para seis meses ou mais. Além disso, ela pode se manifestar de várias formas como formigamentos ou pontadas — explica.
Como se não bastasse sofrer com a dor, a paciente tem várias alterações psicológicas, aumentando a irritabilidade, depressão, ansiedade, preocupação com o corpo e pode provocar até o seu afastamento no trabalho.
— Sentir uma dor constante nas pernas, na cabeça ou nas costas atinge de uma forma negativa a autoestima da paciente, afetando a sua capacidade de realizar tarefas diárias e também no trabalho. A identificação de um processo patológico responsável pela dor crônica é fundamental para avaliar o quadro clínico da paciente e iniciar um tratamento — afirma Mandel.
Por que as mulheres são o público alvo da dor crônica?
As mulheres mantém a liderança no ranking da dor crônica.
— Elas são propensas à obesidade e à fibromialgia, que é uma das causas da dor crônica. Outro motivo é a sobrecarga de trabalho, muito comum nas mulheres, que trabalham o dia inteiro fora e ainda fazem terceiro turno em casa, o que propicia uma maior exposição a agentes traumáticos — revela o neurocirurgião.
Por estarem no topo da lista, as mulheres precisam estar atentas ao tipo de dor e a intensidade. Mandel explica que a dor crônica pode ser aguda ou crônica.
— A aguda ocorre inesperadamente e dura alguns dias ou semanas após cirurgias, traumatismo, acidentes, queimaduras, inflamação ou infecção. Já a dor crônica persiste por meses ou anos e pode ser provocada por dores de coluna, fibromialgia, neuropatias, lesões por esforços repetitivos (LER) e câncer — esclarece.
A melhor forma de tratar
Para evitar que a sua dor se torne constante, o médico deve fazer uma investigação para avaliar a característica da dor, intensidade, localização e fatores de melhora e piora para agir rapidamente, antes que a via nervosa sofra a temida sensibilização.
— A dor crônica pode ser tratada com antidepressivos, analgésicos e neurolépticos, associado com um tratamento multidisciplinar que envolve atividades físicas, fisioterapia, psicologia e acupuntura. Tudo vai depender da causa e da intensidade da dor crônica — acrescenta o neurocirurgião.
Independente do sexo ou da idade essas dores podem mascarar problemas mais graves. Por isso não deixe de consultar o seu médico, para que ele diagnostique as causas do seu quadro e proponha a melhor abordagem.
DC