A Defesa Civil Estadual se mantém em alerta e monitora os efeitos causados pela chuva que deve permanecer em Santa Catarina até o fim de semana. O temporal que chegou nesta quarta-feira ao Estado deve se repetir pelo menos até sexta-feira em todas as regiões. Mas na Serra e no Sul, devido à proximidade com o Rio Grande do Sul, de onde vem a frente fria, o volume de chuva será mais elevado e deve superar a média do mês. Em algumas cidades deve chover entre 150 e 200 milímetros até sábado — a média para setembro é de 160 milímetros.
Mas mesmo em regiões como Grande Florianópolis e Meio-Oeste não são descartados volumes elevados. Há ainda risco de descarga elétrica, granizo e rajadas de vento em todo Estado. O calor de hoje favorece formação de granizo no Oeste. Ontem, até as 21h30min, ao menos 16 cidades registraram granizo. Segundo a Defesa Civil, as ocorrências foram pontuais e sem danos expressivos. A orientação é para a população ficar atenta aos avisos emitidos pelo órgão. Para regiões como Sul e Serra, a chuva deve permanecer até a próxima semana.
— Estamos fazendo trabalho de orientação e monitoramento, já que há expectativa de chuvas pontuais fortes — afirma Milton Hobus, secretário da Defesa Civil de SC.
Em Lages, o risco de granizo causou alvoroço. Alertas em redes sociais fizeram com que diretores de escolas liberassem alunos mais cedo.
— O lageano está assustado. Então a qualquer ameaça e divulgação, o povo já se movimenta — diz Adilson Panek, coordenador da Defesa Civil da cidade, referindo-se à chuva de granizo registrada em outubro de 2014, que afetou 100 mil pessoas.
Característica da primavera
Embora exija atenção, os meteorologistas afirmam que como serão pancadas de chuva, o volume está próximo do esperado para setembro:
— Por enquanto não é nada muito significativo, mas requer atenção. É o efeito do El Niño, que já está atuando e explica a frequência desses fenômenos — destaca Clóvis Côrrea, meteorologista da Epagri/Ciram.
O meteorologista Leandro Puchalski explica que o ar frio do fim de semana deixou a atmosfera mais gelada e, com o calor de ontem, favoreceu a ocorrência de temporais e granizo. Puchalski reforça que o volume elevado de chuva é característico da primavera. Já as temperaturas devem permanecer elevadas.
Nesta quarta-feira, Urussanga, no Sul, registrou 35,5°C e Garuva, no Norte, 37°C. Para o final de semana, a previsão é de uma melhora no tempo. Já na metade da próxima semana, a previsão é de mais pancadas em todo o Estado.
Previsão é de chuva até novembro em SC
Se forem confirmadas as expectativas, a primavera deverá ser de muita chuva em Santa Catarina, principalmente em novembro, com volumes acima da média histórica. A causa é o El Niño. Dois dos principais órgãos de meteorologia mundiais, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (NOAA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertam para um fenômeno de grande intensidade, mais ou menos como ocorreu na virada de 1997 para 1998.
Nessa época, Santa Catarina registrou 45 dias de chuva nos meses da primavera. Mas, como as ocorrências foram bem distribuídas, não houve fatos traumáticos. A OMM chegou a dizer que este pode ser o maior El Niño desde 1950. William Patzert, um dos principais estudiosos do assunto e especialista em clima do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, resolveu batizá-lo de “Godzilla”, em referência à intensidade.
O fenômeno se caracteriza por um aquecimento das águas do Oceano Pacífico ao longo da linha do Equador — como resultado, no Brasil, aumenta a chuva no Sul, enquanto há seca no Nordeste.
— As temperaturas estão acima do normal em todo o Pacífico equatorial e a tendência é aumentar. Estamos prevendo que este El Niño pode ser um dos mais fortes já registrados — afirmou Mike Halpert, vice-diretor do Centro de Previsão Climática da NOAA.
Os meteorologistas brasileiros são mais cautelosos. Acreditam em efeitos de moderados a fortes, mas não com intensidade semelhante aos de 17 anos atrás.
Em Santa Catarina, o monitoramento previu um El Niño de forte atuação em julho, o que causou aumento de chuvas no Oeste do Estado. E a expectativa é que permaneça forte na primavera, diminua a intensidade em janeiro de 2016 e volte com força em maio e julho do ano que vem, se ainda estiver em atividade.