Com máscaras e roupas pretas, e até caixões e velas, avicultores e trabalhadores do Grupo JBS protestaram na manhã desta quarta-feira em frente a uma das unidades da indústria em Forquilhinha. Os produtores integrados protestaram contra a baixa remuneração paga por ave e ao novo contrato que estabelece à relação de trabalho entre a JBS e os avicultores. Já os trabalhadores dos frigoríficos se manifestaram contra o baixo índice salarial oferecido na convenção coletiva, condições inadequadas de trabalho e a mudança no plano de saúde.
O protesto também contou com a participação do sindicato da alimentação do Paraná. “Estamos há dois anos discutindo com a empresa essas questões e a situação chegou ao limite para as duas categorias reunidas hoje (ontem) aqui. Estamos aqui para sensibilizar a diretoria da empresa”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Criciúma e Região (Sintiacr), Célio Elias. Conforme o presidente, em 60 dias apenas duas rodadas de negociação salarial foram feitas com os trabalhadores das unidades de Forquilhinha, Morro Grande e Nova Veneza.
“A última foi no dia 10 de novembro em que a empresa ofereceu aumento real de 0,91% e nós reivindicamos 6% de ganho real”, coloca Elias. A categoria pede ainda 6,59% de Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), abono de R$ 1 mil, cesta básica no valor de R$ 200, vale-transporte de 1%, auxílio creche, cinco pausas de 10 minutos (JBS Forquilhinha) e seis pausas de 10 minutos (JBS Nova Veneza).
Plano de saúde foi um dos principais
itens da manifestação
A mudança nos valores do plano de saúde oferecido pela JBS aos trabalhadores, que segundo Elias, passarão a valer a partir de janeiro, é um dos principais itens da manifestação. “Estamos vestidos desta forma em razão da morte do plano de saúde dos trabalhadores. Hoje no plano individual o funcionário paga R$ 28, com a mudança ele passará a pagar R$ 52, e a cada dependente incluso será cobrado R$ 104”, detalha Elias.
Avicultores querem canal de comunicação
Uma das representantes dos avicultores, Rosiléia Inocente, 2º secretária da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense, também produtora, diz que os avicultores querem abrir um canal de comunicação com a empresa. “Nossa última reunião foi em 7 de maio deste ano e a empresa disse que não conversaria mais conosco até dezembro. Por unanimidade em assembleia no último sábado publicamos ontem (quarta-feira) uma nota de repúdio contra a JBS. O reajuste no preço do frango não é feito desde 2008”, comenta Rosiléia.
Ainda segundo ela, no novo contrato entre os produtores e a JBS não existe preço mínimo para o pagamento das aves, além de a agroindústria não se responsabilizar mais pelas doenças que possam a vir ocorrer nas propriedades. “Houve mudanças gravíssimas que nos prejudicam”, reforça a avicultora. O tesoureiro da associação, Janir Ghisoni, destaca que de dez cláusulas do contrato, oito favorecem a empresa. Ele é um dos 19 integrados que foi desligado por não cumprir as regras do contrato.