O sentido da vida de Franciele Santos, 27 anos, é o pequeno Nicolas Emanuel. O filhinho de 2 anos é a razão pela qual a moradora de Palhoça luta dia após dia contra uma leucemia LLA-B comum, um tipo de câncer que ataca as células brancas do sangue e deixa o corpo sem proteção contra doenças.
Desde 2 de maio de 2012, data em que recebeu o diagnóstico, foram oito internações, transfusão de 20 bolsas de sangue e 15 de plaquetas. Enquanto suporta o tratamento, que inclui várias restrições e sessões de quimioterapia no Hospital Governador Celso Ramos, em Florianópolis, Franciele aguarda por um doador de medula óssea que seja geneticamente compatível com ela.
_ É a única chance de cura _ sentencia Fran, que não encontrou entre os parentes alguém com características genéticas que possibilitasse o transplante.
Na mesma situação de Franciele estão cerca de 1 mil pacientes em todo o Brasil. No sistema nacional que reúne candidatos para doação, o Redome, o número de pessoas cadastradas chega a 3 milhões. O número pode até parecer alto, mas é pouco mais de 1 % de toda população brasileira (de acordo com o IBGE). Para se ter uma ideia, a chance de encontrar uma pessoa compatível é de uma para cada 100 mil.
Você pode ser o doador que alguém procura
Para ser doador de medula óssea e salvar vidas, o primeiro passo é fazer o cadastro no hemocentro ou banco de sangue mais próximo. Com um documento de identidade com foto (obrigatório), o candidato preenche um breve formulário e retira 5 ml de sangue para o exame de histocompatibilidade (HLA), onde serão identificadas as características de suas células. Todo o processo leva em torno de 15 minutos.
Diferente da doação de sangue, para fazer o cadastro não há tantas restrições. Basta ter entre 18 e 55 anos e estar em bom estado de saúde.
Como funciona
Após o exame HLA, as informações genéticas são incluídas no Redome e ficam lá até que alguém precise. O que pode levar anos, como explica a coordenadora do setor de captação do Hemosc, Roseli Sandrin. _ É muito importante manter o cadastro atualizado. As mudanças de endereço ou telefone devem ser informadas sempre, para que o candidato seja encontrado o mais breve possível. Para quem precisa, cada minuto é precioso _ esclarece Roseli.
Quando houver compatibilidade, o doador é chamado para exames complementares.
Como se tornar um doador de Medula Óssea
– Você deve ter entre 18 e 55 anos de idade e estar saudável.
– O candidato precisa apresentar um documento de identidade e preencher um formulário. Em seguida 5 ml de sangue serão retirados para o exame de histocompatibilidade (HLA), para identificar as características genéticas.
– Os dados do candidato são enviados ao Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), sob responsabilidade do Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. O cadastro fica no sistema até o candidato completar 60 anos e deve ser atualizado sempre que houver mudança de endereço ou telefone.
– Se for encontrado um paciente compatível, o doador será chamado para exames complementares, para depois decidir se doa ou não.
– O transplante de medula óssea não é feito em Santa Catarina. O doador será encaminhado para a unidade de saúde determinada pelo Inca, onde fará a retirada da medula óssea do interior dos ossos da bacia. O procedimento leva 15 dias para a recuperação. Todos os custos são bancados pelo SUS.
– Na Grande Florianópolis, o cadastro pode ser feito no Hemosc, na Avenida Othon Gama D’Eça, 756, Centro. O horário de atendimento é das 7h15min às 18h30min.
Marcone Tavella / DC