A cidade de Urupema realiza neste fim de semana um evento que irá celebrar o Papagaio Charão, que simboliza uma nova modalidade de turismo em Santa Catarina, mas que a espécie está ameaçada de extinção. A ave proporciona um espetáculo único no mundo e que cada vez mais atrai pesquisadores, turistas e apaixonados pelas belas imagens da natureza.
O 2º Festival do Papagaio Charão ocorre sábado e domingo com palestras, oficina e concurso de fotografias e saídas a campo para observação de aves, prática mundialmente conhecida como birdwatching. São esperados aproximadamente 100 participantes de vários lugares do país, considerando que no ano passado foram 60 de mais de dez estados diferentes.
Nativo do Rio Grande do Sul, o Papagaio Charão migra para a Serra Catarinense entre março e agosto em busca de pinhão. Todos os dias, a ave dorme em reflorestamentos de pinus e eucalipto entre os municípios de Bocaina do Sul e Painel e se desloca em surpreendentes bandos de até dez mil exemplares para a região de Urupema, onde encontra araucárias em abundância.
Depois de se alimentar, volta para os dormitórios. Ainda não se sabe ao certo por que o Charão repousa em árvores exóticas, mas uma das hipóteses é que seja pelo fato de os reflorestamentos serem bastante fechados e oferecerem segurança às aves.
— Procuramos não divulgar os lugares onde os papagaios dormem porque são como santuários. Existe uma grande preocupação, pois se acontecer algo com essas aves por aqui, pode ser gravíssimo, pois estarão em grande número, mas num âmbito geral, estão ameaçadas de extinção devido à ação do homem. O Charão é muito importante, pois mesmo sem querer, ao derrubar o pinhão enquanto come ou voa, acaba fazendo o papel da Gralha Azul no plantio de araucárias —, diz o biólogo Ari Fernando Raddatz, um dos organizadores do festival e que fez da sua pousada, na localidade de Rio dos Touros, em Urupema, um dos principais pontos de birdwatching no Brasil.
Quando a atividade iniciou, em maio de 2011, o Wikiaves, um dos maiores sites especializados em observação de aves no país, havia catalogado sete espécies em Urupema. Menos de dois anos depois, o número já chega a 166. Em Santa Catarina, também se destacam Itapoá, no Norte, e a Serra do Tabuleiro, especialmente a região de Caldas da Imperatriz.
— A motivação para viajar e ficar um bom tempo à espera de uma ave é o contato com a natureza e a possibilidade de ver espécies raras, porque os prêmios de fotografias são mais por reconhecimento, e não por dinheiro —, diz o fotógrafo Dario Lins, morador de Bom Retiro e premiado várias vezes com imagens de aves como a Gralha Azul e o próprio Papagaio Charão.
Outras espécies de destaque na Serra Catarinense
Além do Papagaio Charão, que é a estrela maior, outras espécies se destacam na Serra Catarinense. Algumas por características como tamanho, a exemplo da Curucaca e da Seriema; cor, como o Sanhaçu-papa-laranja, o Sanhaçu-de-fogo, a Saíra-preciosa e o Surucuá-variado; e comportamento, como a Gralha-azul, que planta a semente do pinhão na terra e dá origem ao pinheiro araucária; a Mariquita e o Pula-pula que, como o nome já diz, fica pulando de galho em galho nas árvores; o Arapaçu, que vai de árvore em árvore e sobe nelas pelo tronco, de baixo para cima, comendo pequenos insetos; o Pica-pau-do-campo, que dorme sob a cobertura dos chalés da pousada para se aquecer; e a Noivinha e a Veste-amarela, que realizam uma parceria interessante, pois enquanto a noivinha fica em cima de um toco de madeira vigiando o local, a veste-amarela fica no chão levantando os insetos que serão comidos. Assim, quando o perigo se aproxima, a noivinha emite um sinal de alerta e ambas fogem juntas.
Mais informações e a programação completa em www.cidademaisfriadobrasil.com.br