As Forças Armadas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul elevaram nesta quarta-feira o nível de alerta para “Watchcon-2”, com indicações de ameaça vital, ante à possibilidade de um lançamento de mísseis da Coreia do Norte.
Pyongyang começou a aumentar o tom contra Seul e Washington em março, após as sanções da ONU contra um teste nuclear do regime de Kim Jong-un, em fevereiro. No mesmo período, Coreia do Sul e Estados Unidos realizaram exercícios militares na região, encarados como uma provocação pelo país comunista.
A decisão foi tomada horas depois de o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Yun Byung-se, informar que possui informações, obtidas em conjunto com os Estados Unidos, de que os norte-coreanos preparam um exercício com foguetes de longo alcance nos próximos dias.
Segundo o governo sul-coreano, o míssil usado deve ser o Musudan, que tem alcance de 4.000 km. Desse modo, poderia atingir não só a Coreia do Sul, mas também Japão e eventualmente Guam, ilha no oceano Pacífico que pertence aos Estados Unidos e possui uma base militar.
Para Seul e os Estados Unidos, o exercício deverá acontecer “a qualquer momento” desta semana, em que os norte-coreanos comemoram três datas importantes para o regime: o um ano de ascensão do ditador Kim Jong-un, os 20 anos de início do governo de Kim Jong-il e o aniversário do primeiro dirigente, Kim Il-sung.
Em discurso no Parlamento, o chanceler sul-coreano pediu ajuda à Rússia e à China que intercedam em relação à Coreia do Norte para aliviar a tensão na região. Os dois países vizinhos possuem forte influência sobre o regime de Kim Jong-un.
A Coreia do Sul e o Japão reforçaram suas defesas áreas e marítimas nesta semana como prevenção contra um ataque norte-coreano. Navios foram colocados em regiões dos mares Amarelo e do Japão, assim como baterias de mísseis de interceptação foram instaladas em cidades dos dois países, incluindo Tóquio.
Também nesta quarta termina o prazo dado por Pyongyang para os corpos diplomáticos estrangeiros saírem do país. A recomendação foi feita na última sexta (5), mas não foi considerada pelos 24 países que mantêm relações diplomáticas com o país comunista, incluindo Rússia, Reino Unido e Brasil.
CALMA
Mesmo com a tensão nos discursos e em ações, a situação nas duas capitais da península coreana é tranquila. Em Seul, os escritórios e o comércio funcionam normalmente, assim como a bolsa de valores, que fechou em alta de 0,77%.
Do outro lado da zona desmilitarizada, o principal assunto comentado é o feriado que será comemorado nesta semana, com as lembranças aos ditadores Kim Il-sung e Kim Jong-il, avô e pai de Kim Jong-un. A imprensa estatal concentrou seus informes nas preparações para a festa em Pyongyang.
Segundo a agência de notícias KCNA, os norte-coreanos “estão fazendo seu melhor” para decorar as cidades do país. Soldados e jardineiros preparam os canteiros de Pyongyang com grama, árvores e flores, assim como estudantes limpam a praça onde estão as estátuas dos antigos dirigentes.
O ponto alto da festa está marcado para a próxima segunda (15), quando se comemora o nascimento de Kim Il-sung, primeiro ditador e fundador do país comunista.