O repasse de R$ 30 mil para o custeio do atendimento em ortopedia foi cortado pela Secretaria de Saúde de Orleans. A Fundação Hospitalar Santa Otília – FHSO, por sua vez, não possui condições financeiras para manter por conta própria. O fato tem gerado revolta por parte da população orleanense. O problema não tem previsão para ser solucionado. O valor recebido era dividido em três partes: R$ 7,5 para ortopedista, R$ 7,5 para anestesista e R$ 15 mil para manutenção do pronto-socorro.
“No início do ano passado, nós tínhamos problema com ortopedia, com uma fila extensa para cirurgia e no pronto-socorro com as fraturas. Após conversas com a Secretaria de Saúde, vimos a possibilidade do auxílio através de recursos financeiros para pagamento do sobreaviso com ortopedista e anestesista. Durante o tempo em que recebemos os recursos, os profissionais estavam à disposição para o atendimento. Em casos de urgência e emergência, eles eram chamados”, afirmou a enfermeira da instituição Cristiane Vavassori, em entrevista a Rádio Guarujá.
Após o corte do repasse de recurso, os problemas voltaram a acontecer. A difícil situação foi exposta ao secretário de Saúde, Aurivam Simionatto. Entretanto, conforme a enfermeira, a Administração Municipal alega não ter recurso. “Em uma reunião com o Conselho Municipal de Saúde, o secretário de Saúde afirmou que teria que cortar alguns custos. Eu pedi para que ele mantivesse a ortopedia porque é um grande problema do nosso hospital, a entrada de fraturados é grande, mas eles alegam que não possuem recurso”, contou.
Por conta disso, os pacientes estão sendo transferidos para o hospital de referência, o São José, de Criciúma. A demanda é grande e, consequentemente, a fila também. “Estamos com uma grande dificuldade, pois eles não estão mais aceitando os pacientes. Eles também estão com problemas de fila, superlotação e com médicos que deixam de trabalhar por falta de pagamento do sobreaviso para que ele fique à disposição do hospital no momento que for necessário”, explicou Cristiane.
A enfermeira conta ainda que o valor da tabela SUS está defasado. “Nenhum médico está querendo trabalhar com a tabela SUS. Eles recebem em torno de R$ 30 a R$ 40 por cirurgia. Eles não querem mais. Se for olhar pelo ponto de vista dos médicos, o valor realmente está abaixo”. Algumas cirurgias são realizadas na FHSO, mas a fila também é grande. “Nós temos um atendimento de ortopedia contratualizado com o Ministério da Saúde. Ou seja, realizamos algumas cirurgias. Porém, temos uma fila enorme de cirurgias via SUS. Nessa fila, constam os fraturados e os que estão para retirar um fio, um pino. Na lógica, os fraturados são colocados para operar primeiro. Mas é muito difícil atender essa demanda”.
A reportagem do Portal Sul in Foco tentou contato com o secretário da Saúde, Aurivam Simionatto, mas as ligações não foram atendidas e nem retornadas até a publicação desta matéria.
Funcionários da FHSO abdicam de reajuste salarial que lhes é de direito
A situação financeira da FHSO é bastante complicada. Tanto que os funcionários da instituição abriram mão do reajuste salarial de 11,30%, conforme inflação apontada pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor – INPC, do IBGE. “Nós iremos assinar um documento, via Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, nos isentando do reajuste salarial. Nós estamos fazendo o que pudemos, mas precisamos também da ajuda da população e da Administração Municipal”.
Os funcionários têm recebido o salário com atraso, por volta da segunda dezena do mês. Normalmente, deve ser pago até o 5º dia útil. O motivo é a falta de recursos estaduais e federais, que estão chegando com atraso. “A situação está difícil em toda a região, estado e país e isso acaba por esbarrar aqui no município”.
Uma esperança para a região carbonífera
Assim como apontou a enfermeira da FHSO, a dificuldade em solucionar o problema do atendimento em ortopedia é enfrentada em toda a região. Conduto, em entrevista à Rádio Eldorado, o secretário de saúde de Criciúma, Vitor Benincá, falou sobre uma mudança que pode trazer um pouco de esperança para moradores da região carbonífera, incluindo, também, os orleanenses.
Trata-se de uma ação de parceria entre a prefeitura de Criciúma, o Hospital São José e a comunidade ortopédica da região. A expectativa, conforme informações da Rádio Eldorado, é que, nos próximos dias, os pacientes já comecem a ser chamados. “Atualmente, nós temos uma contratulização com 150 consultas ortopédicas por mês para atender as 500 mil pessoas da população da Amrec. Este número está muito aquém da realidade vivida na região. O paciente demora muito a ser chamado o que ocasiona problemas, como por exemplo, a consolidação errada de um osso por conta de um gesso não retirado”, contou o secretário.
Em entrevista, Benincá falou sobre a solução encontrada. “Agora, nós mesmos vamos orientar este fluxo de pacientes. Haverá um profissional do quadro da prefeitura de Criciúma dentro do hospital para já fazer o reagendamento desses procedimentos. A intenção é que o atendimento fique três vezes maior”, disse. “Estamos nos adiantando, já que ainda não recebemos do Estado a resposta que a gente espera”, finalizou.
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