Quem já recebeu a conta de luz referente ao mês de janeiro percebeu: o preço da energia elétrica é de deixar o cabelo em pé. E é bom preparar o bolso, foi só o primeiro de três aumentos que devem ocorrer ainda em 2015. Para clientes da Celesc, a alta deve chegar a 62,37% este ano.
A projeção é de Paulo Steele, analista que atuou por cerca de cinco anos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no desenvolvimento do cálculo dos custos para concessionárias e hoje atua na consultoria TR Soluções.
– Esse percentual já leva em conta a bandeira tarifária mais cara a partir de março. A Aneel ainda precisar realizar uma audiência pública antes de aumentar a cobrança – de R$ 3 para R$ 5,50 a cada 100 kWh consumido – mas o setor já dá como certo essa alta – afirma Steele.
O principal fator de aumento na conta de luz será o fim do aporte do Tesouro Nacional à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), encargo embutido na conta de luz e que até o ano passado era pago em grande parte pelo governo, evitando que fosse repassado aos consumidores. Agora, essa cobrança volta para tarifa.
É da CDE que sai o dinheiro para pagamento das indenizações às companhias geradoras e transmissoras de energia que aceitaram renovar as concessões em 2012, em uma tentativa do Planalto de reduzir a conta em 20%.
Cada companhia de energia tem um reajuste específico porque o cálculo do aumento leva em consideração, entre outras coisas, a situação financeira de cada uma delas e os prazos dos contratos estabelecidos com o governo.
Também vai pesar no bolso o reajuste extraordinário que será aplicado a partir de março. O objetivo é que as distribuidoras de energia, com o caixa pressionado, antecipem receita que só viriam com o reajuste tarifário tradicional do ano. No Sul, Sudeste e Centro Oeste, o aumento médio deve ser de 26%. No Norte e Nordeste a alta deve ser de 20% porque as duas regiões não compram energia de Itaipu e, portanto, se livram da variação do dólar, moeda em que é negociada a energia da usina binacional.
Celesc aguarda audiências públicas
O presidente da Celesc, Cleverson Siewert, disse que a empresa ainda não tem projeção de qual será o reajuste tarifário para o ano de 2015. Ele esteve nesta segunda-feira em Brasília, reunido com outros presidentes de distribuidoras e com o presidente da Aneel, Romeu Rufino, para a audiência pública que trata do reajuste extraordinário. Siewert afirmou que só terá condições de projetar a nova tarifa depois do dia 19 de fevereiro, quando se encerram as audiências públicas na Aneel.
– Ainda não dá para dizer. Existem variáveis a se analisar, como a arrecadação da CDE e os preços da usina de Itaipu. Ainda estamos discutindo quais serão os reajustes extraordinários e o que ficará para ser reajustado em agosto – disse.
Diário Catarinense