Santa Catarina viveu um período de euforia com a descoberta do pré-sal em 2009. Com a perspectiva de exploração de petróleo de águas profundas, o Estado comemorou a chegada de empresas estrangeiras e o fortalecimento de uma cadeia de fornecedores ligada à Petrobras. Agora, sente os primeiros respingos da crise que abala os negócios da estatal.
O setor naval é o principal atrelado à petroleira no Estado, com forte concentração em Itajaí e Navagantes. Para além da crise de confiança que levou a Petrobras a rever investimentos este ano, a queda internacional do barril de petróleo também tem influência na redução de ritmo de crescimento que já é percebida na região.
Oscar João da Cunha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, Material Elétrico e da Construção Naval de Itajaí e Região, afirma que o setor reúne de 8 a 10 mil trabalhadores. A maioria trabalha para a Petrobras.
— Não conheço nenhum estaleiro fazendo obras para armador que não seja para a Petrobras. É um futuro incerto — afirma Cunha.
Demissões e paralisações começam a ocorrer e preocupam a categoria. Cunha afirma que o Consórcio MGT demitiu 400 funcionários em dezembro e agora estaria para dispensar mais 300. Já o grupo industrial português Amal Construções Metálicas deu férias coletivas aos empregados até 18 de fevereiro. Nenhum representante da Amal foi localizado e o Consórcio MGT não se pronunciou sobre o tema.
— Eram 2 mil empregados e agora deve chegar a 1,3 mil — diz Cunha.
Segundo Onézio Gonçalves Filho, secretário de Administração de Itajaí, a Oceana Offshore e o Consórcio MGT estão entre as duas maiores operações na região. Cada empresa investiu pelo menos R$ 600 milhões para se instalar na cidade – juntas geram em média 5 mil empregos.
Eclésio da Silva, presidente da Associação Empresarial de Itajaí (Acii), diz que não tem informação a respeito de demissões, mas vê claramente que os investimentos devem ser segurados:
— É claro que deve diminuir o ritmo acelerado que o setor vinha apresentando na cidade. As empresas que planejavam se adequar para atender aos projetos (de pré-sal) tendem a reavaliar — diz.
Para Silva, a Operação Lava-Jato deve impactar apenas nos projetos de longo prazo.