Países da África Ocidental afetados pelo ebola, que já causou quase mil mortes, estão decretando estado de emergência. Na Libéria, onde os corpos dos mortos permanecem nas ruas, o presidente Ellen Johnson Sirleaf declarou estado de emergência nacional por pelo menos 90 dias. Sirleaf alega que medidas extraordinárias são necessárias para garantir a “própria sobrevivência do país”.
Barreiras militares estão impedindo centenas de pessoas de deixar a província de Grand Cape Mount no país, que faz fronteira com Serra Leoa, e a capital Monróvia, devido ao surto da doença. Segundo o governo liberiano, a medida é para evitar de pessoas contaminadas passem para áreas não contaminadas.
Em Serra Leoa, 800 militares foram deslocados para hospitais e clínicas para ajudar no tratamento dos casos de ebola. O Parlamento deverá reunir-se para ratificar o estado de emergência declarado na semana passada.
Na Nigéria, a preocupação com a doença aumentou, depois da morte de uma freira em Lagos. Foi a segunda morte registrada pelo ebola no país. A Nigéria espera receber um medicamento norte-americano, ainda em fase de testes, para impedir a propagação do vírus. Porém, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou que ainda é cedo para enviar o remédio e apela para a construção de “uma infraestrutura pública forte”.
Desde o início do ano, a epidemia já causou 932 mortes e mais de 1,7 mil pessoas estão infectadas na Guiné-Conacri, na Libéria, em Serra Leoa e na Nigéria. O ebola causa febre alta e, nos casos mais graves, hemorragias. O vírus é transmitido pelo contato com fluidos corporais e as pessoas que estão próximas aos pacientes são as que apresentam maior risco de contrair a doença.
Missionário espanhol é o primeiro infectado a voltar à Europa
Enquanto os países africanos tentam conter a disseminação da epidemia, a Espanha retirou de Monróvia um padre católico, Miguel Pajares, de 75 anos, que adoeceu quando prestava auxílio a doentes em um hospital na capital da Libéria. O missionário foi o primeiro paciente a ser transportado para a Europa para receber tratamento.
O avião militar, com equipamento especial, transportou o padre na manhã desta quinta-feira para Madri, junto com uma freira espanhola, que trabalhou no mesmo hospital na Libéria, mas que não teve resultado positivo no teste da doença, segundo o governo espanhol.
O padre encontrava-se estável e sem sinais de hemorragias, enquanto a freira aparenta estar bem e deverá voltar a ser submetida a testes. Os dois foram levados para o hospital Carlos III, especializado em doenças tropicais e que foi preparado para receber os dois pacientes em ambientes isolados para impedir o contágio.
Dois cidadãos norte-americanos que trabalhavam para instituições cristãs na Libéria, também infectados, foram levados para os Estados Unidos nos últimos dias e têm mostrado sinais de melhora, depois de terem tomado um medicamento experimental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou uma sessão de emergência, que ocorre desde quarta-feira, em Genebra, para decidir se deverá ser declarada crise internacional. A decisão é esperada para esta sexta-feira.
Diário Catarinense