A SC Transplantes atingiu em junho o recorde de 25 doadores no mês. O número equivale à quantidade de doações realizadas de todo o ano 2000, quando a estrutura foi implantada no estado. De acordo com informações da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, a média mensal é de 13 doações mensais. O melhor resultado anterior registrado foi de 20, em 30 dias, e havia sido computado duas vezes.
Segundo dados da Central de captação, notificação e distribuição de órgãos e tecidos, a média de doações durante 365 dias, nos três primeiros anos de funcionamento da estrutura no estado foi inferior ao número computado em junho. Foram 25 doadores em 2000, 23 pessoas em 2001 e 26, em 2002.
Modelo europeu
O modelo de doação utilizado em Santa Catarina foi adaptado da Espanha. A base do modelo é a implementação de uma coordenação de transplantes que prevê a presença de um grupo em cada unidade hospitalar. Os profissionais são do próprio hospital e trabalham secundariamente em três ações básicas: identificação de potenciais doadores, apoio no diagnóstico de morte encefálica e ênfase nas entrevistas com os familiares.
Conforme o coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, as pessoas que atuam na proposta recebem treinamento. “A gente atua fortemente na qualificação da rede hospitalar para que as famílias, não só de doadores, mas todas, para que recebam um bom tratamento por parte dos profissionais”, destacou ele.
“É preciso salientar que a doação é um consentimento da família, por isso os profissionais precisam estar preparados para dar a notícia da morte de um parente e conversar com os familiares”, acrescentou o médico.
Desde o ano passado, todas as pessoas que trabalham na coordenação de transplantes recebem uma remuneração para exercer a função adicional. Até então, parte dos profissionais atuava voluntariamente. As equipes são recompensadas de acordo com o potencial de cada unidade.
Com isso, houve um crescimento de 10% do número de doadores no estado. “A gente quer reforçar a tese de que é fundamental profissionalizar a procura por doadores”, argumentou Andrade.
Medula óssea
Há um ano, Rosa Rodrigues da Silva descobriu que o filho, hoje com 2 anos, tem um tipo de leucemia aguda. Ela precisou largar o emprego para cuidar da criança e se divide entre a casa e o hospital. O menino faz quimioterapia e os médicos recomendaram um transplante de medula óssea. Na família, ninguém é compatível.
Há três milhões de brasileiros cadastrados no banco nacional de doadores de medula, pouco mais de 100 mil são catarinenses. O Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) orienta os doadores a manter os dados sempre atualizados. Conforme a entidade, é comum não encontrar candidato por falta de informações no sistema.
“É muito importante que o doador tenha consciência de mudar o seu endereço, caso mude que residência, e atualize seus dados para que nós possamos contactar, porque, a qualquer momento, essa pessoa pode ser necessária. Infelizmente, muitas vezes, muitos acabam não nos informando, aí não conseguimos encontrar a pessoa”, explicou Denise Linhares, diretora geral do Hemosc.
Para se tornar um doador de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 55 anos e estar saudável. Mais informações no site do Hemosc.
Fonte: G1