Uma onda de medo e violência tem tomado conta de Brusque, no Vale do Itajaí. Adolescentes se reúnem em gangues para desafiar grupos rivais, promover brigas e pichações. Segundo a Polícia Civil, as gangues se dividem em três grupos, como mostrou reportagem do Estúdio Santa Catarina de domingo (1).
Primeiro, as ameaças surgiram pela internet. Mensagens em redes sociais espalhavam o ódio entre grupos de adolescentes rivais. Um deles avisa: “Amanhã, a escola promete”. O que parecia, a princípio, um caso isolado de briga entre estudantes, ganhou outra proporção há cerca de dois meses.
“Para nós, na época, não tinha muito sentido. E, a partir de agora, recentemente, com a situação que está acontecendo na cidade, a gente faz ligação do acontecido aqui com os últimos acontecimentos da cidade. Há um constrangimento porque é o nome da nossa escola, são alunos nossos. A gente identificou agora junto com a Polícia Militar. Tem dois alunos que fazem parte dessa gangue”, declarou o diretor de uma das escolas afetadas Márcio José dos Santos.
O objetivo da rixa entre eles é mostrar quem tem mais força. Há duas semanas, 14 estudantes foram apreendidos, todos menores de idade. Eles seriam de duas gangues que planejavam brigar entre si durante uma festa. Com eles, foram apreendidos dois canivetes e um soco inglês. Mesmo dentro do camburão da polícia, os jovens cantavam juntos o lema da gangue.
Menores
Um adolescente denunciou o caso à polícia, o que tem facilitado as investigações. Ele nunca se envolveu com gangues, mas já foi vítima da violência dos grupos. O rapaz disse que espera agora ter a chance de crescer em uma cidade sem esse tipo de ação. “Se eles continuarem com essa agressão física, que rumo vão ter, né? Não existe rumo para a violência. O rumo sempre foi o caixão”, comentou, sem se identificar.
“Parece que eles têm prazer de ver o outro se machucar para ver o outro ferido no chão. Para ver quem tem mais poder, quem impõe mais respeito. A maioria é jovem de 16, 17 anos. Menor de idade que não pode responder em prisão até. ‘Eu vou agredir, vou para a delegacia e minha mãe vai me buscar’. É assim que eles pensam”, acrescentou.
Sensação de poder
O principal ponto de encontro deles é uma praça no Centro de Brusque, próximo ao Conselho Tutelar. Segundo testemunhas, eles se reúnem quase todas as noites para discutir poder, rivalidade e planejar as brigas. Com a câmera escondida, a equipe da RBS TV flagrou um desses encontros. Ainda era fim de tarde quando parte do grupo se juntou para fumar e consumir bebida alcóolica no local.
“Gangue é criminalidade, é referência a ações delituosas, a conflito, vias de fato, e isso é coisa de criminosos. E entre eles há um orgulho: ‘eu sou mais forte, eu posso fazer pior, eu sou o cara’. O amor verdadeiro é aquele que também dá limites, dá obrigações, pressupõe uma conduta moral e educacional a toda prova. Quem ganha é a família, o jovem a sociedade como um todo”, declarou o coronel da Polícia Militar Heriberto Peres.
Fonte: G1