Aos quatro meses de gestação, Deise Rossetti Cavanholi descobriu que sua filha tinha problemas sérios no coração, que traziam risco de morte. Deise e o marido, Joel Cavanholi, decidiram que a gravidez seria levada adiante, o que deu início a uma história de muita luta.
Os pais, moradores de Orleans, foram até Florianópolis, onde receberam a orientação de que procurassem auxílio em São Paulo. “Fomos para lá quando eu estava grávida de oito meses. Quando a Vitória nasceu, com dois dias de vida ela fez a primeira cirurgia, e mais uma aos cinco meses. Ainda assim, o caso dela continuou se agravando e ela foi listada para transplante”, conta a mãe.
Até ter um ano e meio de idade, Vitória jamais deixou o hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, onde a equipe da médica Luciana Fonseca cuidava do caso. “Foi então que recebemos a notícia de que havia um coração compatível com a Vitória e que a família tinha concordado em doar o órgão. No dia 7 de junho do ano passado foi feito o transplante”, relata Deise.
A operação foi um sucesso e a pequena Vitória pôde finalmente conhecer sua casa. “Foi uma coisa incrível, uma felicidade inacreditável voltar para casa, trazer nossa filha. Não existe palavras para descrever essa alegria”, salienta.
A felicidade da família foi possível graças ao gesto de Fábio e Luciana, pais do menino Guilherme, de quatro anos, que sofreu uma queda e teve morte cerebral. Mesmo em meio à dor da perda, a família conseguiu gerar muita felicidade para outras pessoas, doando os órgãos do pequeno Guilherme.
“Eles salvaram várias crianças, além da Vitória. Quando eu soube que a minha filha tinha sido listada para transplante, tive uma sensação muito ruim, de que uma família teria que ter uma dor enorme para que minha filha pudesse se salvar. Depois que conheci a família do Guilherme, porém, vejo que para eles é como se um pouco do Guilherme continuasse vivo”, pontua Deise.
Encontro
As duas famílias, de Vitória e de Guilherme, se encontraram através da internet e teve início uma amizade muito especial. As frequentes conversas culminaram em um encontro na casa dos pais do menino, em Campinas.
“Foi no mês passado. Foi muito emocionante, algo que não tem como descrever. Eles puderam conhecer uma vida que salvaram, a da Vitória”, diz Deise. A amizade continua e o contato também, segundo a mãe da menina. “Nós vamos fazer uma festa bem especial na comemoração dos dois anos da Vitória, em abril. O Fábio e a Luciana têm planos de vir”, conta Deise.
Para ela e Joel, agora os planos são de uma vida normal. “Tudo que queremos é que nossa filha seja feliz, com uma vida como de qualquer outra pessoa. É claro que cuidados médicos ela vai precisar por toda a vida, mas a cirurgia foi um sucesso e ela está bem, alegre e brincalhona. É realmente uma vitória”, conclui a mãe.
Litiane Klein / Diário do Sul