O incêndio de um ônibus da empresa Expresso Forquilhinha, nas imediações do bairro Vila Progresso, em Criciúma, no sul do Estado, por volta de 22h40min de quarta-feira, parece ter reacendido de fato em Santa Catarina a volta dos atentados terroristas. O veículo, completamente destruído pelas chamas em poucos minutos, foi o 45º coletivo atingido em 2013.
Sete indivíduos mascarados abordaram o coletivo na via que liga o Progresso, na periferia do município, ao bairro Jardim União. Após mandar os passageiros descerem, os suspeitos jogaram material inflamável e atearam fogo no veículo. Os bombeiros e a Polícia Militar foram acionados próximo de 22h45min. Ninguém ficou ferido.
A polícia da cidade, até a meia-noite, não havia confirmado se o ato teria sido cometido por criminosos que atuam nas ruas, a partir de ordens emitidas de dentro das cadeias. Se confirmada a autoria de facção criminosa, é o sexto atentado registrado em Criciúma neste ano.
O motorista do coletivo, Luciano de Oliveira, 32 anos, disse que ficou muito assustado e que os cerca de 25 passageiros entraram em pânico, mas conseguiram descer a tempo. Segundo ele, os sete criminosos usavam a máscara do filme Pânico, entraram pela porta da frente do coletivo e dois estavam armados.
— Eles mandaram a gente descer avisando que iam colocar fogo. Todo mundo desceu e foi muito rápido — contou.
O perito do IGP Norton Machado informou que o ônibus será recolhido para a garagem da Expresso Forquilhinha.
— Vamos realizar uma varredura no veículo em busca de vestígios que possam auxiliar na identificação dos suspeitos, mas é uma perícia complicada pois a maioria das evidências foi queimada — adiantou Machado.
Os ataques recomeçaram por volta de 5h30min de segunda-feira, em São José, na Grande Florianópolis, quando dois bandidos em uma moto também usaram um ônibus como alvo. Após atear fogo, a dupla deixou para o motorista do coletivo dois DVDs com gravações que teriam como origem a penitenciária de São Pedro de Alcântara, quartel-general da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), responsável por orquestrar as duas ondas de violência registradas no Estado em novembro de 2012 e fevereiro deste ano. No material, o suposto preso avisa que o terror voltaria a tomar as ruas, em virtude de maus-tratos que ocorreriam dentro da prisão e afetariam não apenas dos detentos, mas também mulheres, familiares deles, que estariam sendo submetidas a revistas íntimas ilegais.