Vertigem e tontura são termos usualmente empregados como sinônimos para designar a sensação de desequilíbrio. Há, no entanto, muitas diferenças entre as duas manifestações, tanto no que é sentido, quando nas causas. A sensação de estar rodando caracteriza a vertigem clássica, enquanto a tontura é definida principalmente como a sensação de instabilidade ou de estar flutuando no ar.
Também é muito importante não confundir o desequilíbrio advindo da tontura ou vertigem com o causado pela perda da força em um dos lados do corpo, característico do acidente vascular cerebral (AVC). Os episódios de vertigem e tontura podem durar de alguns segundos a vários minutos e serem acompanhadas de outras manifestações, como vômitos. O desequilíbrio também pode ser leve ou intenso, o que aumenta o risco de quedas.
Os episódios de tontura simples podem ocorrer por uma queda aguda da pressão arterial (hipotensão) – que pode ocorrer por vários motivos, como a desidratação – ou por baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Pessoas que ficam longos períodos sem comer ou que ingerem doces em excesso tendem a sentir tontura com maior frequência. Reduzir o consumo de açúcares de absorção muito rápida, como mel e açúcar industrializado (sucos de fruta não são de absorção rápida, exceto quando adoçados com açúcar), e alimentar-se a cada três horas são condutas que normalmente levam à remissão dos episódios. Outros casos de tontura podem se originar de problemas no labirinto – estrutura do ouvido interno formada pelo vestíbulo (responsável pelo equilíbrio) e pela cóclea (responsável pela audição).
Labirintite?
A vertigem indica obrigatoriamente a existência de afecções no labirinto. Por isso, vertigens e problemas auditivos, como zumbido, sensação de pressão e surdez, usualmente ocorrem juntos. A vertigem costuma ser popularmente atribuída à labirintite, o que é um equívoco. “A labirintite é uma doença infecciosa, grave e muito rara”, afirma o Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz, otorrinolaringologista do Einstein.
Existem cerca de 300 afecções do labirinto – ou labirintopatias – que podem ocasionar vertigens. Uma delas, e que está entre as que mais são definidas erroneamente como labirintite pelos pacientes, é a neurite vestibular, relativamente rara, sendo responsável por apenas cerca de 1% a 2% das ocorrências. De origem viral ou vascular, caracteriza-se pelo surgimento súbito de vertigem intensa, algumas vezes acompanhada por náuseas e vômitos. Os sintomas são tão fortes que os pacientes precisam ficar em repouso por vários dias ou até semanas. Ela acomete principalmente adultos entre 20 e 60 anos que, na grande maioria dos casos, terão apenas um único episódio em toda a vida.
Uma das labirintopatias mais comuns – responde por aproximadamente metade dos casos – é a vertigem postural paroxística benigna (VPPB), que se manifesta quando se muda a posição da cabeça. A VPPB é provocada pelo deslocamento de um ou mais otólitos, pequenas pedrinhas de carbonato de cálcio presentes no vestíbulo. Impactos ou quedas estão entre as causas mais comuns para o deslocamento dos otólitos, mas ele pode ocorrer sem qualquer causa aparente.
Doença de Menière
É outra afecção do labirinto de grande incidência, representando cerca de 20% do total de casos. Até meados do século XIX, acreditava-se que a origem era cerebral. A descoberta de que se tratava de uma desordem do ouvido interno coube ao médico francês Prosper Menière. Causada pelo excesso de endolinfa, líquido existente no interior do labirinto, a doença pode se originar de outras metabólicas e, além de vertigem, tem como sintomas zumbido, audição flutuante e sensação de pressão, em geral apenas de um lado.
As crises podem durar de alguns segundos a vários minutos e são bastante recorrentes. Ela acomete principalmente adultos, tanto homens quanto mulheres. “É uma patologia típica dos grandes centros urbanos, de quem vive em estado de agitação e estresse. Não há relatos de doença de Menière em pessoas que moram no campo, que vivem da agricultura, por exemplo”, observa o Dr. Pedro Mangabeira.